Tempo de morte e de fantasia

O romance policial ganhou muita força no Século XX e uma gama de autores em diversos países sem se falar nos fãs de literatura que gostam da mescla de ação, suspense, mistério e investigação. Mesmo no século XXI não para de aparecer aqui e ali autores novos e de lugares mais remotos.
Só para termos uma ideia basta lembrarmos do casal sueco Lars Kleper campeões de vendas em que a cada novo livro lançado quebram seus próprios recordes. Há também o norueguês Jo Nesbo também muito lido e esperado. Olha que estamos falando apenas em autores nórdicos.
O livro em comento, no entanto, é da lavra de Lawrence Block autor estadunidense que já pudemos comentar seu livro denominado Bilhete para o Cemitério nesta coluna.
Não há uma sequência para se ler os livros deste autor, mas recomenda-se que se leia a partir do “Quando nosso Boteco Fecha as Portas” que adquiri recentemente.
Esta obra Tempo de morte e de fantasia, em particular, foi publicada em inglês em 1976, mas somente em 1981 é que foi lançada no Brasil numa edição popular, brochura em papel de baixa qualidade e que amarelou com o tempo, sem perder com isso o conteúdo.
O livro me chamou a atenção pela proposta, porque se trata de um chantagista que contrata o serviço de um detetive particular para descobrir quem será seu assassino, mas somente depois que ele morresse, já que pressentia sua morte iminente.
O detetive é um “free lancer” como gosta de ser chamado, típico, sentimental, ex-policial, que deixara a corporação por haver desferido um tiro e com o ricochete da bala matado uma criança, quando fazia a perseguição a bandidos armados.
Vive se atormentando com o fato, ainda, não superado. Sua terapia pessoal consiste em visitar igrejas e lá fazer suas confissões, levar donativos para quem sabe purgar a culpa.
Talismã encontrou-se com Matt Scudder no bar Armstrong’s... parecendo um encontro casual, mas não para o Talismã, que tinha conhecimento de que o detetive sempre estava por ali naquelas horas.
O apelido foi em virtude de uma moeda de prata que comumente Talismã colocava sobre a mesa e depois de dar um piparote nela ficava rodando ora apontando para ele ora para a pessoa que com ele estava.
“- Mathew Scudder - ... Há quanto tempo não nos vemos?”
“- Uns dois anos...”
A conversa se arrasta até que Talismã resolve entrar no assunto principal.
“- Matt, não foi por acaso que entrei aqui no bar...
É, percebi logo...”
Neste momento Talismã ite que está com problemas e que precisava que guardasse uma coisa para ele.
Era um envelope que deveria ficar com Matt escondido em local seguro. Matt perguntou o que havia dentro e por quanto tempo teria de guardá-lo.
Numa resposta evasiva Talismã apenas respondeu que saindo dali nunca se saberia o que poderia acontecer com uma pessoa como ele. Poderia tropeçar no meio fio, ser atropelado por um ônibus...
Perguntado se estava correndo perigo, apenas disse que poderia ser, se sabia quem o ameaçava, disse que não sabia e não queria saber, então Scudder disse que o envelope era uma garantia, ouvindo apenas que sim, mais ou menos isso.
Scudder tentou esquivar-se dizendo não ser a pessoa mais correta para o trabalho e indicou que o melhor seria entregar, como todo mundo faz, a um advogado com as devidas instruções para trancar em um cofre e pronto.
Mas para Talismã tinha que ser ele, assim não sendo possível demovê-lo de tal intento acertaram os pormenores. O envelope com o que quer que tivesse dentro, ficaria debaixo do tapete em seu quarto e caso ele, Scudder, falecesse bastava entrar no quarto e retirá-lo de debaixo do tapete sem necessidade de chave ou outro procedimento, o que não era nenhum empecilho para Talismã, já que era expert na arte de surrupiar as coisas.
Acertado o mais importante, combinaram todos “os detalhes: os telefonemas semanais, os recados cifrados, caso eu não estivesse.” E assim foi “durante sete sextas-feiras consecutivas recebi telefonemas dele.” “... Até que na segunda sexta-feira de abril ele não telefonou.” “... Talismã estava morto.”
Agora teria que abrir o envelope ..., mas você, caro leitor, só saberá se abrir o livro e começar a ler sem parar até o final surpreendente. Recomendo muito, vale mais que qualquer filme.