Jogando para a plateia, fazendo “carnaval” ou é imbecilidade mesmo?

Confesso-me surpreso com as reações de alguns vereadores itaunenses com um acordo firmado judicialmente entre o proprietário de uma fazenda localizada no município de Itatiaiuçu e membros do “Movimento Sem Terra” que invadiram essa fazenda, denominada Monte Alvão, em 2017. O acordo envolveu o deslocamento dos invasores para uma outra fazenda adquirida pelo proprietário da Monte Alvão, localizada também no município de Itatiaiuçu, divisa com Itaúna, na localidade dos Chaves, região da “Cachoeira dos Chaves”. O acordo é simples, eles desocupam a Monte Alvão na localidade do Morro do Pião, em Santa Terezinha, e vêm para os Chaves e se instalam em 110 hectares em terras que am a ser suas, pois lá estavam em terras invadidas. Ou seja, os dois lados fizeram um grande “negócio”.
Antes de entrar na minha interpretação sobre os posicionamentos dos nossos parlamentares, ditos defensores do povo e das boas causas, gostaria de fazer alguns esclarecimentos, que considero, na verdade, desnecessários, mas, para evitar polêmicas à frente, faço questão. Primeiramente gostaria de deixar claro que não sou de direita de forma nenhuma e isso todos já sabem. Mas também não defendo a esquerda radical e muito menos sou petista, como já deixei claro por algumas vezes. Tenho meus posicionamentos políticos e tenho o direito de tê-los, pois vivo em um país democrático e com liberdade de expressão garantida. Então entendo que não há radicalismo que possa se consolidar em qualquer patamar político, e principalmente em poderes legislativos de municípios pequenos e medianos e até mesmo nas já consideradas metrópoles. E não só no Legislativo, pois, esta semana, críticas contundentes foram feitas por toda a imprensa mineira, a verdadeira, em virtude de respostas do governador de Minas à entrevista ao jornal Folha de São Paulo, quando ele tirou do bolso do paletó todo o seu radicalismo, seu analfabetismo histórico e cultural, ao dizer que no Brasil não houve ditadura, que o desaparecimento de Rubens Paiva e a morte de Vladimir Herzog, dentro outros, é uma questão de interpretação e que daria indulto para o então ex-presidente Bolsonaro. Meu Deus! E, para completar, me informaram que, em entrevista a uma rádio de Divinópolis, em 2023, ao receber uma obra da escritora Adélia Prado, perguntou quem era e se era funcionária da emissora. Meu Deus!
Por outro lado — reafirmando que não sou petista e nem defendo causas, e nem vou discutir política econômica —, fora do Brasil, o presidente do País, em visita oficial à França, em busca de expandir o intercâmbio de negócios e lastro político com o continente Europeu, foi recebido com todas as pombas de Chefe de Estado no Palácio do Eliseu, e dentre as homenagens ao presidente brasileiro, uma foi especial na Academia sa. Especial, porque ele é o segundo Brasileiro recebido pela Academia, o primeiro foi Dom Pedro II. E mais, em 400 anos, apenas 19 chefes de Estado receberam a condecoração da Academia. E um detalhe, o nosso presidente não tem formação superior, mas tem formação humanística. O que é mais importante. A Torre Eiffel foi iluminada com as cores da nossa bandeira, verde e amarela. Não estou aqui fazendo apologia a Luiz Inácio Lula da Silva, mas apenas mostrando que é preciso buscar abertura e diálogo com o mundo e para isso é preciso formação humanística.
Explicado e dito o que queria, vamos aos denominados sem-terra, que agora am a ter suas chácaras nos Chaves. A primeira coisa que eu gostaria de entender é o que nossos vereadores têm com isso. O terreno fica em Itatiaiuçu, eles vão viver é lá, então o que temos com isso? As alegações de que tem problema ambiental, de saneamento básico e de atendimento médico, são balelas para poder jogar para a plateia, fazer política e nada mais. Isso tudo não é problema nosso, dos itaunenses, e não existe. Subir em tribuna para gritar e fazer política alarmista não leva a lugar algum e só causa transtornos. Não é verdade que há ladrões de gado entre os sem-terra, o movimento tem liderança e, quando aparece alguém que não se encaixa nos objetivos, é expulso. Eles só querem ter a sua terra e produzir. Estão fazendo alarde para aparecer politicamente, ao tempo que deveriam estar trabalhando para que as coisas pudessem ser harmônicas, pois o acordo já foi feito, homologado pela Justiça e assunto encerrado. Se o Ministério Público foi acionado oficialmente, ótimo que ele haja, então, dentro do que a lei determina. Se é que há algo errado, o que não acredito, pelo que li do acordo firmado.
E, para completar a palhaçada oficial legislativa, dois vereadores, um com formação superior, diferentemente do homem sem formação homenageado na Academia sa, e outro que não sei qual a formação, e também não interessa, protocolaram projeto de lei com data do dia 31 de maio, o de Nº 64/2025, que dispõe sobre a proibição de despesas públicas que promovam ou incentivem invasões de propriedades e grupos terroristas no Município de Itaúna e dá outras providências. Meu Deus!!!
No artigo 1º, parágrafo III do referido projeto, está definido que grupos terroristas, entidades, organizações, pessoas jurídicas ou movimentos sociais promovam a invasão ou ocupação de propriedades urbanas e/ou rurais, sejam elas privadas ou públicas, bem como qualquer entidade que preste apoio financeiro ou apoie e divulgue grupos terroristas e suas afiliadas.
Afirmo aqui, com todas as letras: é de uma imbecilidade sem proporções. Senhores, estamos em 2025, num mundo globalizado. Por favor. Terrorismo? Grupos terroristas? Invasores? Invadir terra em Itaúna? Tenham bom senso. E para completar há uma Legislação Federal que rege o assunto. Uma Lei Maior. Assim, doutos senhores, esse projeto de vocês, com toda a sinceridade, serve mesmo é para limpar o bumbum. Nada mais.
Quanto aos assentados na comunidade dos Chaves, município de Itatiaiuçu, em uma fazenda particular, não são da nossa conta, ou melhor, não são da conta de vocês. Agora, acho que, se vocês insistirem em entrar em “choque” com eles, os assentados por meio de acordo judicial, sabe o que vai acontecer? Vão “invadir” Itaúna, só para provar que, se quiserem, “limpam o bumbum com o projeto dos senhores Kaio e Tidinho. E não tem polícia, Ministério Público, vereador de meia-tigela e muito menos governador de Estado imbecil que os faça demover da vontade. E mais invadem com o apoio dos deputados que vocês apoiam. Então fiquem caladinhos e deixem eles lá nos Chaves plantando o arroz com feijão deles... Será melhor pra nós.